A Herzog & de Meuron apresentou recentemente o projeto para uma capela ao lado da autoestrada A13 que passa pelo vilarejo de Andeer, conectando a cidade de Coira ao norte com a região do Ticinio no sul da Suíça. A capela foi concebida como um objeto autônomo, inspirado na paisagem natural do Cantão Grisões, uma região ao leste da Suíça conhecido por suas impressionantes paisagens alpinas.
Como a equipe de projeto explica, as capelas à beira da estrada desfrutam de grande popularidade no país. Existem muitos belos exemplos de estruturas deste tipo construídas ao redor de Andeer. “Muitas delas são jóias da arquitetura e edifícios de interesse histórico, estruturas simples com paredes de gesso e decoradas com afrescos e esculturas de madeira. São lugares que incentivam a reflexão - ou apenas oferecem um lugar para descansar e observar o esplendor da paisagem alpina.” Ainda que inspirados pelo patrimônio local, os arquitetos optaram por uma abordagem menos contextual, dando forma a um edifício singelo e moderno, uma estrutura que expressa a mais pura essência atemporal da arquitetura contemporânea. Outra importante característica da capela projetada pela Herzog & de Meuron é a inexistência de símbolos religiosos explícitos. Em vez disso, o projeto procura ser o mais profano possível, exacerbando as características únicas da paisagem onde está inserido.
O projeto para a capela não contava um programa específico pré-definido. Desta maneira, a equipe inicialmente procurou entender melhor as expectativas das autoridades assim como da comunidade local de Andeer. Sua situação frente a uma das mais movimentadas rodovias do país apresentava um grande desafio: o ruído. Embora o edifício não conte com nenhuma porta ou separação física entre o interior e o exterior, é a sequência de espaços à proporcionar um desempenho acústico acurado ao ambiente interior da capela. Internamente, ela conta com uma série de compartimentos diferentes, semelhante a estrutura do ouvido humano. O projeto nasce da forma mais abstrata possível, uma espécie de antecâmara, um cubo branco que dá acesso a uma variedade de espaços interiores. No interior desta antessala, a percepção do espaço é intensificada pelo vermelho vivo do painel de vidro que proteje o edifício da incidência direta dos raios de sol, principalmente ao final da tarde, proporcionando um espetáculo de luzes e cores.
A principal intenção da Herzog & de Meuron era que a arquitetura do edifício reforçasse a sensação introspectiva do espaço. O último aposento da capela se abre para um ambiente oval com características de caverna, uma singela homenagem as capelas pré-históricas construidas na região pelos primeiros povos que habitaram a região. Ao longo deste espaço cavernoso, os visitantes encontram outras duas pequenas capelas: uma mais iluminada, com a luz natural entrando pela sala redonda no pavimento superior do edifício, e outra mais soturna, com uma única vela e uma pequena clarabóia a prover uma iluminação mais tênue e controlada. Este é o lugar mais introspectivo da viagem; é aqui que cada um é “confrontados consigo mesmo.” A antecâmara que define o espaço principal da capela foi concebida como uma sequência de espaços ou um percurso que leva do portal de acesso até o mirante voltado à oeste. A ideia por trás do projeto era construir um edifício despojado, despretensioso e abstrato. Sua estrutura vertical não funciona como as paredes de um edifício. Elas se inclinam umas sobre as outras; elas se reclinam e se apoiam umas contra as outras como em uma sinfonia bem ensaiada.